Metzgeria dichotoma (Sw.) Nees

  • Authority

    Costa, Denise P. da. 2008. Metzgeriaceae (Hepaticae). Fl. Neotrop. Monogr. 102: 1-169. (Published by NYBG Press)

  • Family

    Metzgeriaceae

  • Scientific Name

    Metzgeria dichotoma (Sw.) Nees

  • Type

    Tipo. Jamaica, s.d., Swartz s.n. (holótipo, S B25447, n.v.; isótipo, W).

  • Synonyms

    Jungermannia dichotoma Sw.

  • Description

    Species Description - Gametófito mediano a grande, verde-claro, verde-amarelado a verde-escuro, algumas vezes azulados nos ápices, prostrado, formando emaranhados, 1,0-2,0 mm larg. Ramos adventícios ventrais freqüentes. Talo piano a subplano, ondulado, margem ligeiramente enrolada ou recurvada, ramificação dicotômica, dicotomias irregulares, ápice truncado, com papilas mucilaginíferas. Em seção transversal lâmina uniestratificada, 16-30 células larg. da margem a costa; células pequenas a grandes, mamilosas, paredes ligeiramente espessadas, trigônios pequenos ou ausentes, cutícula lisa, 20-60 × 20-40 µm; costa igualmente arqueada para ambos os lados, 3-4 fileiras de células epidérmicas dorsais e (4-)5-6(-7) ventrais; células medulares distintas das epidérmicas, medula com 16-30 células, em 4-6 camadas, células de paredes espessadas, alaranjadas. Talo densamente hirsuto, rizóides pequenos a medianos, eretos, flexuosos a fortemente falcados, ramificados ou não, dispostos na margem, na superfície ventral da costa e da lâmina, onde são numerosos, na margem densos (500 µm=20-40 rizóides), 1—2(—3) rizóides por célula, eventualmente com pequenas regiões sem rizóides, 50-140 µm. Talo masculino ligeriamente menor que o feminino. Gemas abundantes, originadas na superfície dorsal do talo, concentradas na região do apical do talo, discóides ou reniformes, azuladas ou não, planas, desenvolvimento simétrico, rizóides longos, em forma de "gancho" (7-10 células larg.). Dióico. Ramo masculino globoso a subgloboso, sem rizóides, 200-300 µm. Invólucro feminino largo-cordado, hirsuto, rizóides longos, dispostos na margem e superfície externa, 250 µm. Apresenta desenvolvimento extemo do invólucro feminino em talo vegetativo. Caliptra membranosa, claviforme, hirsuta, rizóides numerosos, longos, dispostos por toda a superfície externa, 0,4-1,5 mm. compr., seção transversal 3-4 camadas de células. Seta mediana, 1,0-1,6 mm compr., seção transversal ca. 55 células, 23 corticias, 32 medulares, 6-8 diam., células de paredes ligeiramente espessadas, trigônios pequenos ou ausentes, irregularmente arranjadas. Cápsula globosa, valvas com espessamentos nodulosos conspícuos na parede externa (Tipo-2), espessamentos semianulares inconspícuos e esparsos na parede interna (Tipo-3). Elatóforos nos apices da valvas. Elatérios medianos a grandes, castanho-avermelhados, 240-480 µm compr. Esporos pequenos a medianos, castanho-amarelados, granulosos, 16-30 µm diâm.

  • Discussion

    O epíteto dichotoma destaca a ramificação dicotômica observada no talo desta espécie.

    Schiffner (1911), examinando exemplares em W, encontrou 11 identificados como M. dichotoma, dos quais oito pertenciam à espécies distintas, dentre estes, três exemplares originais de Swartz {Lindenberg 8135 e 8137), dois pertencendo à M. leptoneura e um terceiro à forma a qual Lindenberg tipificou como M. dichotoma e que Swartz usou para descrever. O autor cita exemplares do Brasil, Peru e México, os quais Lindenberg juntou à M. dichotoma na obra Monographia Metzgeriae (1877). Examinando os exemplares originais de Schiffner, concluiu que estes são diferentes de M. dichotoma, que parece ser uma boa espécie.

    Costa (1999), examinou as coleções de W, con-statando que Lindenberg 8135 e 8137, pertencem a M. leptoneura e M. dichotoma (talo masculino), e Lindenberg 8136, a M. dichotoma (talo masculino). Em relação a Lindenberg 8138 (M ciliata - Jungermannia furcata ex herb. Raddiano mis. Javi), considerou como M. decipiens. Observou que o talo masculino nem sempre apresenta a superfície ventral da lamina densamente hirsuta, como nas coleções Lindenberg 8135-37, variando de densa a ligeiramente hirsuta.

    O material da Bolívia (Lewis 83-5265a, F), foi considerado afim a M. dichotoma, porque a margem apresenta somente um rizóide por célula, raramente dois, embora as demais características sejam idênticas.

    Kuwahara (1978a), descreve o subgênero Suprigemma Kuwah., baseado no tipo de M. dichotoma, incluindo neste novo subgênero cinco seções.

    As gemas são discóides ou reniformes, com desenvolvimento simétrico, planas, não apresentando dorsiventralidade, na margem com rizóides longos em forma de "gancho ". As observações realizadas estão de acordo com as de Evans (1910), que descreve detalhadamente as gemas de M. dichotoma, enfatizando a sua origem dorsal, abundância, simetria e rizóides.

    É semelhante a M. liebmanniana que difere pela lamina maior, com 29-55 células de largura; costa com 4-6 fileiras de células epidérmicas dorsais; medula com 24-34 células; gemas discóides a orbiculares, com desenvolvimento assimétrico, planas ou côncavas, com rizóides curtos, flexuosos ou em forma de "gancho". Na análise cladística realizada por Costa (1999), esta semelhança se expressou bem, e os táxons estão no mesmo clado, separando-se pela disposição dos rizóides na margem, dimorfismo sexual, forma do invólucro feminino e tamanho da seta.

    Distribution and Ecology: (Fig. 37). Neotropical, ocorrendo na Jamaica, Cuba, Peru e Brasil (Hell, 1969; Costa, 1999), sendo aqui referida para o México, Porto Rico, Trinidad, Costa Rica e Bolívia. Ocorre sobre troncos ou ramos de árvores vivas ou em decomposição, ocasionalmente sobre pedra, desde o nível do mar até 3600 m, predominando entre 800-2100 m. No Brasil, Segundo Costa (1999), é citada para as regiões nordeste, sudeste, sul e centro-oeste, crescendo sobre troncos ou ramos de árvores vivas ou em decomposição, ocasionalmente sobre pedra, entre 200-1600 m, em diversas fitofisionomias como Cerrado, Mata Atlântica e campo, predominando entre 800-1000 m. Costa (1999), considera amplamente distribuída no território brasileiro, embora sua atual distribuição seja fragmentada, possivelmente pela falta de coleções nas regiões intermediárias. Tais resultados são aqui corroborados com a ampliação da distribuição geográfica, baseado em coleções de diferentes países do Neotrópico.

  • Distribution

    Jamaica South America| Chiapas Mexico North America| Cuba South America| Guantánamo Cuba South America| Saint James Jamaica South America| Portland Jamaica South America| Villalba Puerto Rico South America| Barranquitas Puerto Rico South America| Utuado Puerto Rico South America| Tunapuna/Piarco Trinidad and Tobago South America| San José Costa Rica Central America| Peru South America| Goiás Brazil South America| Minas Gerais Brazil South America| Rio Grande do Sul Brazil South America| Rio de Janeiro Brazil South America|