Alchornea discolor Poepp.

  • Authority

    Secco, Ricardo de S. 2004. (Euphorbiaceae) (, e ). Fl. Neotrop. Monogr. 93: 1-194. (Published by NYBG Press)

  • Family

    Euphorbiaceae

  • Scientific Name

    Alchornea discolor Poepp.

  • Type

    Tipo. Peru.  Crescit in sylvarum marginibus versus Ega, set (fl. pist.), Poeppig 2596 (holótipo, W; isótipo, B; foto do tipo F).

  • Synonyms

    Alchornea schomburgkii Klotzsch, Alchornea gardneri Müll.Arg., Alchornea glaziovii Pax & K.Hoffm., Alchornea brachygyne Pax & K.Hoffm.

  • Description

    Species Description - Arvores a arbustos 2-20 m, DAP 5-25 cm. Ramos glabros. Folhas peninérveas, pecíolos 0.5-3.5 cm, verdes claros a acinzentados, canaliculados, indumento de tricomas estrelados, pulvinados; limbos 3-17(-22) X 2.5-8 cm, elípticos, eliptico-oblongos, a eliptico-lanceolados, raro ovais, subcoriáceos, a coriáceos, raríssimo cartáceos (especialmente nos individuos jovens e na fase vegetativa), discolores, ápices acuminados a agudos, ou obtusos, bases cuneadas a obtusas, glândulas 2 ou mais, achatadas, brilhantes, margens crenado-glandulosas; faces adaxiais verde-escuras, com nervuras levemente proeminentes a impressas, indumento de tricomas estrelados concentrado na nervura principal; faces abaxiais arroxeadas na fase jovem, verde-claras à acinzentadas na maturação, com nervuras proeminentes, 15-20 ou mais pares de nervuras ao lado da nervura principal, bastante próximos entre si, esparso indumento de tricomas estrelados, mais evidente nas nervuras, glândulas esparsamente distribuídas no tecido, domácias com tricomas estrelado-dendriticos, (tricomas mais longos ca. 0.5-1 mm) presentes na junção da nervura principal com as secundárias. Plantas dioicas, raramente monoicas. Plantas masculinas com inflorescencias em panículas, caulifloras, 10-30 cm, na base da raque brácteas várias, arredondadas, cada base de ramificação com uma bráctea lanceolada, pilosa, flores dispostas em glomérulos envolvidas por uma bráctea sagitada, pilosa, raque com denso indumento de tricomas estrelados, verde-clara a acinzentada. Flores estaminadas subsésseis à pediceladas, pedicelos 0.5-1 mm, bractéolas 0.5-1 mm, sagitadas a lanceoladas, pilosas; botões 1 X 1 mm, globosos, glabros; lobos do cálice 2-3(-4), 1-1.5 mm, ovais a sagitados, glabros; estames 1-1.5 mm, concrescidos pelas bases, filetes rugosos. Plantas femininas com inflorescências em racemos, às vezes em panículas espiciformes, caulifloras, (5-) 10-25 cm compr., brácteas 6 ou mais na base, sagitadas, bráctea 1, sagitada, na base de cada ramificação, as flores isoladas, aos pares ou em tríades, as raques com indumento tomentoso de tricomas estrelados, acinzentadas. Flores pistiladas sésseis, subsésseis a curto-pediceladas, pedicelos 0.5-0.7 mm, bractéolas sagitadas, pilosas; cálice gamossépalo, cupuliforme, na base com uma glândula verde-escura, circular, lobos do cálice 2-4(-5), 1-2 mm, sagitados, densamente pilosos externamente, glabros internamente; ovário 1-3 X 1.5-2.5 mm, subgloboso a globoso, raro cordiforme, denso-tomentoso, 2(-3)-locular, estiletes 2(-3), 1-3 cm, filiformes, livres, verdes, pilosos na face externa, levemente rugosos e glabros na face interna. Fruto 0.7-1.5 cm diâm., elíptico a ovoide, elíptico a subgloboso, cor de vinho a vermelho com tons amarronzados, mericarpos 2(-3) ou apenas 1 por aborto da semente, lisos, rugosos no material seco, pubescentes, tricomas estrelados; sementes (1)2(3), 0.5-0.6 cm, ovais, elípticas a subglobosas, sarcotesta carnosa, vermelha, grosseiramente muricada.

  • Discussion

    Alchornea discolor é a espécie mais conhecida e amplamente distribuída do gênero na Amazônia. Apesar disso, muitas amostras da espécie vinham sendo identificadas erradamente como A. schomburgkii, o que pôde ser atestado nas coleções depositadas nos herbários examinados. Analisando-se estas coleções verificou-se que não havia diferenças morfológicas marcantes que justificasse manter A. discolor e A. schomburgkii como espécies distintas. Jablonski (1967) ressalta que a característica que separa as duas espécies é o tamanho das inflorescências, que em A.

    discolor é de 5-7 cm e em A. schomburgkii até 24 cm. Estudando A. discolor da serra dos Carajás (Secco & Cardoso 582; Secco & Bahia 821), de Manaus (Secco & Coelho 800) e de Japerica, Pará (Secco & Pinheiro 865) verificou-se que o tamanho da inflo-rescência é bastante variável, desde 5 cm até 30 cm, não se justificando a manutenção dos dois táxons com base nesta característica.

    Com base no tratamento de Pax & Hoffmann (1914) elaborou-se a Tabela V, na qual pode ser constatado que as diferenças entre A. discolore A. schomburgkii apontadas por esses autores são de pouco valor taxonómico.

    Alchornea discolor foi proposta por Poeppig (1841) no volume 3 da obra “Nova genera ac Species plantarum”. A data na página de rosto do livro é 1845, entretanto, segundo Stafleu & Cowan (1983), o referido volume foi publicado em quatro datas diferentes, sendo que as páginas 17 a 32 foram publicadas em 1841. Considerando-se que A. discolor está descrita na página 19, a mesma tem prioridade sobre A. schomburgkii, que foi descrita por Klotzsch (1843) e que agora passa à condição de sinônimo de A. discolor.

    Müller (1864) propôs Alchornea gardneri, enquanto Pax & Hoffmann (1914) propuseram as espécies A. glaziovii e A. brachygyne', analisando-se as coleção-tipos concluiu-se que essas três espécies são sinônimos de A. discolor por apresentarem as folhas pinatinérveas, coriáceas, inflorescências caulifloras, ovário tomentoso, estiletes longos (entre 1,5-3 cm compr.), e frutos geralmente com 2 mericarpos.

    Vale ressaltar que tanto na serra dos Carajás, como na Ponta Negra e em coleções provenientes do Brasil Central, encontraram-se indivíduos com frutos de 23 mericarpos, enquanto que no ramal Japerica só foram encontrados indivíduos com frutos de 2 mericarpos. De um modo geral, os frutos com 2 mericarpos predominam em A. discolor.

    No ramal Japerica observou-se que os indivíduos em estágio de floração apresentam as folhas maiores, com as faces abaxiais arroxeadas e bastante vistosas, o que forma um bonito contraste com as faces adax-iais, que são verdes e brilhantes. Talvez seja esta uma interessante estratégia para atrair polinizadores, uma vez que as flores de A. discolor são um tanto incon-spícuas, pequenas e verde-claras.

    Alchornea discolor tem maior afinidade com A. fluviatilis R. Secco, conforme pode ser visto na descrição daquela espécie. Porém, na serra dos Carajás, entre os meses de agosto a dezembro, A. fluviatilis encontrava-se em fase vegetativa, enquanto A. discolor já apresentava flores e frutos desde junho, prolongando-se a frutificação até janeiro do ano seguinte.

    Nem sempre todos os indivíduos de uma população de A. discolor estão em floração na mesma época. Isto foi observado, por exemplo, na Ponta Negra, em maio, onde em uma vasta população foi encontrado apenas um indivíduo com flor estaminada e outro com frutos. No ramal Japerica também constatou-se que nem todos os indivíduos, ainda que adultos, florescem à mesma época. Isto vem demonstrar que quando se quer estudar a fenologia das espécies, não se deve apenas confiar em etiquetas de herbários.

    Alchornea discolor é uma das espécies de mais ampla distribuição na Amazônia e países limítrofes, ocorrendo nos mais variados tipo de habitats, como mata de terra firme, capoeira, mata de várzea, mata de igapó, campina, campinarana, mata de beira de rio (mata de galeria), vegetação de canga (Carajás), morichal (Venezuela), bosque primário e secundário inundável ou não inundável (Peru), caatinga do Rio Negro, praia, campo natural (campo limpo e campo coberto), beira de lago, igarapé, savana arenosa, cerrado, e cerradão; da Colômbia, Venezuela, Guianas, Peru, Brasil, e Bolívia. No Brasil, seu centro de distribuição abrange especialmente os Estados do Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, e Roraima, alcançando o Brasil Central, onde ocorre em Mato Grosso e Goiás, e o Nordeste (Bahia e Pernambuco). A floração ocorre nos meses de janeiro e abril a novembro, enquanto a frutificação ocorre de janeiro a março, maio a julho e de setembro a dezembro. A época de floração e frutificação de A. discolor apresenta uma interessante diferença em termos de habitat, comparando se indivíduos da serra dos Carajás (vegetação de canga) e ramal Japerica (campo de sal/solo arenoso). Visitando-se a serra dos Carajás no mês de agosto, verificou-se que os indivíduos estavam em plena floração e já com alguns frutos. Na mesma época, no ramal Japerica os indivíduos estavam em estágio vegetativo, assim mantendo-se até outubro, tendo iniciando a floração em novembro e a frutificação em dezembro. Aliando-se essas observações àquelas da Ponta Negra (Manaus), elaborouse a Tabela IV, na qual podem ser observados alguns aspectos da fenologia de A. discolor.

  • Common Names

    Reventillo, tapaculo, Tekaman si tipên men, Ipururo de altura, palometa huayo, Yacushia, zarcillo huayo, arrebenta-laço, canjiqueiro, pau-de-quadro, mamoninha, supiarana, taquari, uva branca, Uva-brava

  • Distribution

    Amazonas Colombia South America| Meta Colombia South America| Amazonas Venezuela South America| Guyana South America| Loreto Peru South America| Acre Brazil South America| Amazonas Brazil South America| Goiás Brazil South America| Mato Grosso Brazil South America| Mato Grosso do Sul Brazil South America| Pará Brazil South America| Pernambuco Brazil South America| Rondônia Brazil South America| Roraima Brazil South America| Beni Bolivia South America| Cayenne French Guiana South America|